Friday, May 27, 2005

 

Afterhours - August is missing me

Há alguma coisa no slow jazz que nos leva para outro sítio. O lento desfiar das teclas do piano sugere inevitavelmente o fim da noite num bar nas docas, naqueles cenários que sabemos terem a irrealidade de um fim de tarde de verão. Onde o tempo parou para dar lugar à noite quente, calma e confortável, onde a música se enrola como o som das ondas na praia à noite. Onde as pessoas não se preocupam muito com nada que não valha verdadeiramente a pena.

O facto de conseguir abrandar o nosso coração, e mais importante, a nossa cabeça, faz com que esteja (pelo menos para mim), indissociavelmente ligada às horas mais calmas da minha passagem por este sítio. Por serem aquelas horas onde tudo fazia sentido, e mesmo que não fizesse, o próprio sentido das coisas ficava desprovido de importância. Aquelas horas onde não há eventos memoráveis. Onde a única coisa que nos lembramos são ruas de uma cidade portuária à noite, cheias de gente descontraída, luzes e cores pouco vivas, um movimento em formigueiro, e a impressão que vamos dormir bem a seguir. Paisagens que incluem areais vazios, com ondas lânguidas a deslizarem sobre a sua extremidade, folhas de palmeiras a dançarem de forma imperceptivel, ao som de uma brisa mole que não conseguimos sentir. O fim da tarde no verão. Aquela hora em que não é suposto falar-se de nada. Quando tudo é subentendido, quando tudo está parado, e o silêncio descansa sobre cada canto da tela. Quando parece que o mundo sustem a respiração à espera da noite, e o sol (que raramente é visível) nos olha pelo rabo do olho iluminando transversalmente as coisas.
Mas isso já não tem nada a ver com o slow jazz... Adoro a trompete (e o miles davis, por arrastamento...), puxa-me para a maneira como a realidade desliza suavemente na janela de um comboio. A despreocupação com o destino mesclada com a impressão viajamos a 300.000 km/s, e o tempo parou para nós. E depois vemos as pessoas. As ruas, os prédios, as varandas, os carros. A vida delas é a nossa vida. Só que estamos de folga, e as regras não se nos aplicam. E temos a oportunidade de ver as coisas de outra perspectiva. Como se a realidade coubesse dentro de um redoma de vidro, e... isto é mesmo lamechas, pá. Ah, que se lixe, vai como tá...
''we're all missing something or someone, we have never seen or met...''
The matrix... lol

Comments:
tinhas de vir contrariar o texto inteiro com a última frase? Isso é um anticlimax, pá! Passo uma moção de censura à frase do "matrix" ! Então falas do Miles e depois vens com realidades impostas?! tsc tsc

cá pa mim "não havia necessidade" de reduzir sentimentos e emoções com subterfugios sacanoides!... digo eu... (não que tenha grande moral, mas enfimmm, na net é um vale-tudo de honestidade! não nos vemos, não nos julgamos, podemos dizer a verdade absoluta sem medos...)
 
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