Friday, May 27, 2005

 

Afterhours - August is missing me

Há alguma coisa no slow jazz que nos leva para outro sítio. O lento desfiar das teclas do piano sugere inevitavelmente o fim da noite num bar nas docas, naqueles cenários que sabemos terem a irrealidade de um fim de tarde de verão. Onde o tempo parou para dar lugar à noite quente, calma e confortável, onde a música se enrola como o som das ondas na praia à noite. Onde as pessoas não se preocupam muito com nada que não valha verdadeiramente a pena.

O facto de conseguir abrandar o nosso coração, e mais importante, a nossa cabeça, faz com que esteja (pelo menos para mim), indissociavelmente ligada às horas mais calmas da minha passagem por este sítio. Por serem aquelas horas onde tudo fazia sentido, e mesmo que não fizesse, o próprio sentido das coisas ficava desprovido de importância. Aquelas horas onde não há eventos memoráveis. Onde a única coisa que nos lembramos são ruas de uma cidade portuária à noite, cheias de gente descontraída, luzes e cores pouco vivas, um movimento em formigueiro, e a impressão que vamos dormir bem a seguir. Paisagens que incluem areais vazios, com ondas lânguidas a deslizarem sobre a sua extremidade, folhas de palmeiras a dançarem de forma imperceptivel, ao som de uma brisa mole que não conseguimos sentir. O fim da tarde no verão. Aquela hora em que não é suposto falar-se de nada. Quando tudo é subentendido, quando tudo está parado, e o silêncio descansa sobre cada canto da tela. Quando parece que o mundo sustem a respiração à espera da noite, e o sol (que raramente é visível) nos olha pelo rabo do olho iluminando transversalmente as coisas.
Mas isso já não tem nada a ver com o slow jazz... Adoro a trompete (e o miles davis, por arrastamento...), puxa-me para a maneira como a realidade desliza suavemente na janela de um comboio. A despreocupação com o destino mesclada com a impressão viajamos a 300.000 km/s, e o tempo parou para nós. E depois vemos as pessoas. As ruas, os prédios, as varandas, os carros. A vida delas é a nossa vida. Só que estamos de folga, e as regras não se nos aplicam. E temos a oportunidade de ver as coisas de outra perspectiva. Como se a realidade coubesse dentro de um redoma de vidro, e... isto é mesmo lamechas, pá. Ah, que se lixe, vai como tá...
''we're all missing something or someone, we have never seen or met...''
The matrix... lol

Thursday, May 26, 2005

 

Vamos pensar nisso...

''Se calhar devias era estudar e passar nos exames''

hum... Se calhar é boa ideia...

 

As pessoas chatas deviam ter certificados oficiais para poderem mentir alarvemente

Sempre achei perigoso que algumas pessoas expressem com alarmante frequência os seus gostos pessoais. lol Soa mal, não? Claro que toda a gente gosta de uma boa discussão temática, mas convém que a natureza do tema se coadune minimamente com a personalidade das pessoas em causa.
O problema vem à superficie quando algumas pessoas (mormente referidos como secadesertos) tentam incluir na conversa temas fascinantes como golf, ténis, ferramentas de bricolage (ou qualquer coisa que tenham comprado nas televendas), pesca, jardinagem, ou mesmo o imortal filme ranhoso de kung-fu que viram no sábado passado, em que um porradão de gajos trajados de preto, e armados com mais lâminas do que o faqueiro tramontina de 75 peças, são derrotados pela criança franzina armada com três palitos, que só queria que não lhe matassem o avô.

Nas tenho que ser sincero. O que eu gosto mesmo é de ouvir descrições pormenorizadas de plácidos dias passados à secretária, os quais têm o seu ponto alto quando o secadesertos tenta agrafar um monte de folhas demasiado grande. Depois claro, vem a magnífica contenda entre o secadesertos o e agrafador, minuciosamente descrita, com as várias tentativas realizadas até à vitória expressiva de quatro agrafos colocados, a duas tentativas frustradas.
Os secadesertos são pessoas completamente desprovidas de sentido de observação. Digo isto porque quando me começam chatear, apenas faço cara de desprezo, começo a suspirar e a olhar para o relógio (que nunca uso), na esperança que percebam que o meu tédio cresce. O resultado é nulo.

Isto porque sou bem educado e uso prolixamente a diplomacia. Se eu fosse malcriado, escolhia partir-lhes as pernas ao pontapé, testar-lhes os reflexos abdominais com facas da carne, e fazê-los comer pazadas de terra, enquanto me ria histericamente e gritava: ''Não quero saber do teu sistema de rega, nem dos teus berbequins, e devias trabalhar para os americanos em gantanamo, a sacar informações dos talibans, com as tuas ímpias técnicas de tortura!!''.
Claro que depois também ninguém ajuda. Quero dizer: Se eu fosse num barco e deparasse com uma pessoa a falar como se não houvesse amanhã, para outra que está com ar de parva, braços pendentes, cabeça para trás, olhos no vazio, boca aberta e fio de baba a escorrer, sentia-me no dever de ajudar o meu semelhante. Nem que para isso tivesse que partir pernas, testar reflexos abdominais com facas da carne, e fazer alguém comer terra às pazadas.

É nestes momentos que eu sinto falta dos mentirosos patológicos que povoaram a minha infância. Tenho saudades de ouvir histórias de amigos que juravam a pés juntos que tinham comprado paralisadores em França, ou que o macdonald's era um sítio onde ofereciam notas de dois contos. Queria ouvir como estão de suspensão para dar medula óssea ao irmão, um rim ao tio, e já com vários pulmões prometidos (este último já é um exagero meu...), e como no Verão vão para o interior para pintarem vacas com latas de spray. Sinto uma falta visceral de barulhos de porta, e cenas mais verosímeis que o benfica ganhar o campeonato em que 10 ciganos com mais facas que um faqueiro manhatan (de 85 peças, lol), atacavam um simples veraneante, e este escapava com apenas um alto na cabeça, e um arranhão no braço (este último não é exagero meu...).

Por isso juntem-se a mim neste apelo as entidades oficiais para que as pessoas chatas (como eu, que acabo de escrever um texto enorme sobre uma merda que não interessa a ninguém, provando que sou chato e rechato ao quadrado) tenham direito legislado para mentir à tripa forra. Enviem também dinheiro para o instituto piaget desenvolver exercícios que melhorem a criatividade, para a acapo, para mim e para a sol (pode ser que passe).
bjokas bjinhos abraços, e marretadas na tromba.

Monday, May 23, 2005

 

''Toda a gente gosta de bioquímica''

Eu então adoro. Bioquímica, cólicas renais e murros na cabeça.

No outro dia acordei com o despertador a tocar duas músicas ao mesmo tempo. Estava com a opção AM ligada, e as frequências misturavam-se no receptor. Abri os olhos ao green eyes dos coldplay, com música da jennifer lopez por cima. Entrelaçavam-se numa mescla estranha a duas velocidades, que incutia mais indeferença do que interesse.
Ainda tenho aquela teoria, segundo a qual, o primeiro estímulo que temos ao acordar, determina uma parte importante do nosso estado de espírito ao longo do dia. Nesse dia a decisão foi tomada por mim, porque à medida que tentava, sem êxito, calar o despertador, o equílibrio de forças começou a alterar-se. Ao início, os coldplay ganharam terreno, apenas para serem rechaçados por um violento contra ataque da jennifer, que aproveitou-se da nova conjuntura (despertador no chão), para se impôr como principal definidora do meu estado de espírito nesse dia. Escusado será dizer que passei o dia com aquela música demoníaca na cabeça. Odeio a jennifer. Nunca vou comprar cds dela. Também não são grande coisa, mas depois de servirem de frisbee podem ainda servir como base para copos.
Finalmente reparei, ainda em estado de semi-vigilia, que havia luz a entrar suavemente pelos orifícios das portadas, o que me retesou os músculos do corpo. Estava atrasado! E era quarta feira, o dia mais detestavelmente detestável da semana. Toda a gente gosta de histologia...

Tuesday, May 17, 2005

 

Não há pessoas más no mundo (as únicas pessoas más estão nos filmes do steven seagal)

É verdade. Não há pessoas más na terra. Toda a gente pensa sempre que o que está a fazer é correcto (ou quase correcto). Peço ao leitor (que não existe), que faça o seguinte exercício… Pense em situações que viveu em que tomou posições que influenciaram outras pessoas. Vai ver, e isto é inevitável, que todos os actos que praticou, bons ou menos bons, foram inteiramente justificados, por este ou aquele motivo, e como tal, dentro da moral e da ética.

Recue no tempo. Aquele puto estúpido que lhe roubou o lanche na primária estava mesmo a pedir para você lhe partir os dentes e lhe rasgar as cuecas. Aprendeu a defender o que era seu, com meios que adquiriu num ambiente familiar em que o seu pai ‘’disciplinava’’ a sua mãe como só os homens bons do antigamente faziam. Aquele palhaço mais qualificado que você, a quem o leitor passou à frente no concurso para o emprego que desempenha, não era do mesmo partido que o seu patrão. Como é que se esperavam que ele conseguisse manter o bom ambiente de trabalho que o leitor mantém? O que aconteceu parece mal, mas tem um bom fundo. Aqueles senhores que querem fazer uma urbanização num parque natural protegido, e que por isso lhe calçaram um bonito par de luvas de veludo verde, estão a pensar na qualidade de vida das pessoas de classe média. Estão a pensar em crianças a brincar pelos bosques, e em pessoas de idade que, com os ares da mata, possam ficar definitivamente livres do seu reumatismo. Até aquele miúdo que na semana passada lhe passou à frente na fila da fruta, e que você escavacou à lambada, não percebeu que há regras. E as regras são para se cumprir, porra. É tudo uma pouca-vergonha. Por isso é que este país está como está.

Tudo o que o leitor faz é de boa fé. Sempre a pensar nos outros que podiam estar na sua posição, a ser injustiçados de maneira vil e ignóbil.
Assim, ou o leitor é o Messias, e daqui a uns anos vai morrer para salvar a massa associativa do Benfica (pecadores), ou então é uma pessoa perfeitamente normal que racionaliza que nem uma vaca louca, agarra-se aos próprios valores decadentes que nem o caruncho ao discurso ‘moderno‘ do Sócrates, sem se preocupar com premissas, definições ou consequências. O leitor vive la vida loca. Os otários que dizem que o leitor é o rei do deboche, trafica droga como quem come iogurtes adágio, trata os seus subalternos abaixo de merda de cão e é um cabrão que vendia a própria mãe se com isso ganhasse nem que fosse um cromo do bolicao, não percebem as grandes pressões que se abatem na sua vida. O seu stress. A sua família chata. A sua infância traumática. O grande trabalho em termos de flexibilidade que tem de efectuar, para conseguir lamber o próprio rabo, numa auto-congratulação larilas e permanente.

Tudo atenuantes, que mescladas com cinismo mole, com inércia plácida e com conformismo alarve, mais que justificam as suas acções. O que é que importa se os fundos da união europeia fossem para construir infra-estruturas, desenvolver a economia e criar empregos, em vez de serem para jipes, vivendas com piscina e telemóveis com toques polifónicos, máquina fotográfica, bluethooth, e que até lhe limpam o cu? O que é que importa se todos os grandes otários que votaram em si pensam que você dedicou mais de dois segundos da sua vida a pensar em resolver de facto uma coisa que diga respeito à maioria das suas humildes almas? O que importa se há pessoas que metem mais pó branco na veia do que uma receita de doçaria do manel luís goucha, e você anda a vender essa maravilhosa farinha? O que é que importa se os seus filhos só o viram três vezes, se você lhes comprou uma playstation5, um telemóvel mágico, uma mota de água, um par de cornos e um andar na expo? Afinal, se o leitor não fizesse, outro qualquer fazia isso. E assim até é o leitor que ganha uns trocos de maneira que outros atadinhos chamariam de imoral, que depois gasta no totoloto que até é da santa casa. O leitor é um santo. Pelo menos para o leitor.

Ah sim? O leitor diz que se nós acreditamos subconscientemente que tudo o que fazemos está correcto, então como planeio eu justificar a vergonha e o arrependimento? Estou a perder o respeito pelo leitor. O leitor devia era estar calado. O leitor é um daqueles lerdos condescendentes que só vêem as questões de um ponto de vista. O leitor é mais ceguinho que o Paulo Paraty (ou que os sportinguistas que viram uma falta num lance em que eu vi um distinto e fofinho pato. Daqueles dos porta-chaves das gajas).
O leitor é um palhaço e devia era ser atropelado por uma betoneira.
A vergonha e o arrependimento são formas que gastam muita energia para fazer um bypass a qualquer aprendizagem crítica com os próprios erros. E mesmo assim, só existem quando há comportamentos aberrantes aos padrões das pessoas envolvidas. (Se pensarmos que os padrões desta malta são mais laxos que o tecido conjuntivo do cordão umbilical, o conceito de ‘’comportamentos aberrantes’’ toma proporções verdadeiramente assustadoras.)

Assim, as únicas pessoas más, estão nos filmes do steven seagal (As dos filmes do van damme, do chuck norris e do swartwzengger (ou lá o q é), são muito mariquinhas para serem más), e claro pessoas que tenham blogs em que escrevam opiniões completamente tresloucadas, façam frases com 8000 palavras, e tenham montes de sono. Até amanhã, e se virem um leitor dêem-lhe um chuto nos tomates.

Friday, May 13, 2005

 

Não te curto (sei que não queres saber...)

Hoje sinto-me mesmo mal. Estou com raiva ao mundo. Rrrrr. Morram todos. Quero ser infantil e dizer coisas chocantes para me afirmar. Tipo adolescente estúpido. Sim, sim, chama-se regressão, e é um mecanismo de defesa do ego. O meu precisa mesmo muito de se defender.

Tenho que começar por criticar veementemente a maneira como as pessoas começam este tipo de textos. Metade deles escreve sobre eles próprios. Sobre as suas inseguranças ridículas, sobre o que comeram ontem ao jantar, ou então para espetarem com as suas fotos hediondas, onde toda a gente possa ver. ‘’este é o meu cão’’…’’este é o meu quarto’’… Who gives a fuck…? Há ainda palhaços que parecem adolescentes tímidos a escrever dedicatórias: ‘’epa eu não tenho jeito para fazer blogs, mas como a minha vida é uma merda, resolvi partilhar com o mundo como me sinto bem a ter pena de mim próprio… snif, snif…’’ Os que têm a mania que são intelectuais dão nomes pomposos ás suas tortuosas personalidades disfuncionais. À estupidez chamam teimosia, a parvoíce galopante é a distracção e a total falta de coragem, chamam-lhe racionalidade. Ah, e apanhei mesmo um tipo que escrevia um texto maior que este sobre a sua nova máquina de lavar pratos. Realmente há malta que devia levar chutos no cu até sangrar.
Ahhhh. Pronto. Isto é terapêutico. Ainda bem que é anónimo. Agora que me livrei do ácido todo que tinha cá dentro, já posso dizer que até existem blogs engraçados. Há malta com opiniões que vale a pena ler. E mesmo as pessoas que falam de si próprias têm motivos fortes para o fazer… Aposto que ainda vou cair nessa tentação também. Mas a maneira como começam os textos deixa a desejar.

Porque é que não fazem como os escritores a sério? Escritor que se preze começa o seu livro com uma referência completamente desnecessária, desajustada e entediante acerca das condições meteorológicas, do dia em que a sua história começa. Talvez seja uma maneira de baixar as expectativas do leitor. Um livro de jeito começa com ‘’ Era uma bela manhã de fim de Novembro…’’, como ‘’o nome da rosa’’, ou ‘’Brilha o céu, tarda a noite, o tempo é lerdo, a vida baça, o gesto flácido.’’, como o ‘’deus passeando pela brisa da tarde.’’. Ou como o eterno ‘’até amanhã camaradas’’, que começa com ‘’Súbitas rajadas de vento bufaram do Sul’’. Quando há qualquer coisa a bufar do sul, sabemos que estamos perante uma grande obra. Porra, não estavam à espera que o ‘’guerra e paz’’ começasse com ’’epa tava um grizo do caraças, um gajo não podia pôr o nariz de fora, que o ranho gelava…e agora vou descrever os tansos que vos vão acompanhar durante um porradão de páginas em que se vão arrepender de ter nascido, antes de desistirem e irem procurar as páginas amarelas como nova leitura de cabeceira.’’
Claro que isto cria um problema às pessoas que escrevem livros sobre meteorologia. É revoltante para qualquer pessoa, e não seria de espantar que os meteorologistas comecem a escolher descrições queirosianas, ou alegorias subtis sob a forma de versos alexandrinos, para iniciar os seus livros.

Há até lerdos com a mania que são originais, que para começarem a escrever, têm a arrogância de criticar todos os outros tansos que já tentaram fazer alguma coisa no domínio em questão. Esses são dos piores. São oportunistas, sanguessugas infiéis e desprezam a moral e o bom senso das chamadas regras não escritas. Porque elas existem. Só que são um bocado vagas, subjectivas, ás vezes ligadas por fracos apêndices aos mais conceitos mais abrangentes que são as boas maneiras, a etiqueta e essas tretas todas… Quando descobri isto, há uns anos atrás, o meu sonho megalómano tornou-se criar uma sociedade super snob, de tias e tios, malta com vestidos caros e perfumes exóticos, em que a pressão de pares fosse esmagadora da individualidade de cada um, em que o que os outros pensam de nós torna-se mais importante do que aquilo que nós somos. Uma espécie de ditadura, em que cada um fosse o seu próprio censor, com medo do que as vizinhas pudessem dizer dele, quando se encontrassem no cabeleireiro. Depois passaria mensagens subliminares nas revistas sociais (que seriam de leitura obrigatória do primeiro ao décimo segundo ano), e imporia a regra não escrita mais importante de todas: ‘’Dar dinheiro a mim’’. Desisti do meu sonho quando começou a transmissão da quinta das celebridades.

Deixem-me só cair numa generalidade pseudo-intelectual, já gasta e regasta ao quadrado: odeio a quinta das celebridades. Também odeio a manuela moura guedes e os morangos com açúcar. Ahhhh… dizer isto é saudável. Claro que toda a gente que conheço também odeia. Aliás tive dificuldade em encontrar pessoas que dissessem gostar genuinamente destes programas. Assim, ou vivemos num país de mentirosos, ou a TVI tem centenas de milhar de empregados, e obriga-os a assistir aos seus execráveis programas. Senão, como justificar as suas espantásticas audiências?
Claro que para criticar temos que saber do que falamos. Um dia, há muitos anos, conheci uma velhota que via o Big Show SIC. Dizia que o João Baião era um chulo, que a seminudez das bailarinas uma vergonha, que a linguagem era ‘porca’. Dizia também que os fatos e vestidos eram feios, e expirava rapidamente, de indignação, cada vez que havia quaisquer referências de cariz sexual. Nevertheless, todos os sábados à tarde, lá estava ela vidrada na TV, a criticar, a rebaixar, a defender a moral e os bons costumes.
Assim, se você que lê isto vê programas baseados no menor denominador comum à tripa forra, enquanto os arrasa criticamente, e é firme na opinião de que ninguém os deveria ver, aqui vão umas digas para se sentir melhor consigo próprio:
1 – Olhe fixamente o monitor do PC.
2 – Agarre o monitor com as duas mãos, uma de cada lado do ecrã.
3 – Puxe com força, ao mesmo tempo que se desloca para a frente, até a sua cabeça entrar em contacto com o vidro.
4 – Repita os anteriores, mas agora com mais força, e mais convicção.
5 – Pare quando o vidro se partir, ou começar a sangrar.
6 – Ponha um penso e comece de novo.
(Para quem não percebeu bem, treine primeiro numa parede bem rija, antes de tentar no monitor).
Se você é uma criança facilmente impressionável, saiba que não precisa de pedir autorização aos seus pais para fazer isto. Como toda a gente sabe, o sofrimento forma o carácter. Os seus papas vão rejubilar pela sua iniciativa tão autodidacta.

 

blue hearted, stupid fuck

Não tenho mais nada. Já não me consigo rir da situação. Já não tenho mais camadas de auto protecção baseada nas baixas expectativas, inseguranças infundadas e baixa auto estima apócrifa. Já não consigo fingir que está tudo bem. Lentamente, como um resvalar inexorável caí desamparado, aos tropeções, nas escarpas na realidade. Porra. Dói. Dói-me mesmo. Dói cá dentro, um doer desesperado e desesperante, um doer de esperanças inflacionadas frustradas, um doer de não há nada a fazer, um doer de definitivo. Um doer incontornável e baseado na incontornabilidade de uma situação que dá a ilusão de ser suficientemente forte para ser permanente. Há anos que não me sentia assim.
Sinto-me estúpido. Sinto-me vazio. Como se um sonho se tivesse volatilizado à minha frente, e eu não pudesse fazer nada para o evitar. Estou perdido. E agora? O que é que me resta? A minha vida. O que aprendi com a experiência. Mas porque é que isso parece tão pequeno, quando comparado com o que eu perdi? Com o que eu perdi? Eu não posso perder o que nunca tive. Não posso perder o que não existe. Não sei o que hei de fazer. E fui eu que me coloquei nesta situação.
Consigo ouvi-la. Fala com tom ponderado acerca de coisas que não entende. Um pouco como os comentadores de documentários da televisão, com a sua voz monocórdia e sonolenta, que fazem sono ao domingo à tarde.
O que é que tu sabes acerca disso? Apetece-me gritar. Vai-te embora. Desaparece. Deixa-me em paz, a gozar a minha pena por mim próprio, a minha angústia. Mas admito que ela tenha razão. Como não podia ter? Afinal, razão é o seu nome próprio.
logos.... voltaste para te meteres numa situação onde não tens lugar.
Foda-se. Eu não sou assim tão dramático. Mas não consigo deixar de o ser. Pelo menos hoje, o dia em que o mundo se desmoronou. AAAAAAAArgh...

Thursday, May 12, 2005

 

Morte ao Santana Lopes! bem...Se calhar é muito drástico... Hemorróidas ao Santana Lopes!!!

Hoje estou triste. Quero dizer, hoje não apetece fazer nada que envolva pensar noutras pessoas. Em vez disso apetece-me escrever umas linhas carregadas de banalidades insípidas e lançá-las no ciberespaço. Até vou usar uma metáfora que está tão gasta e seca como um pneu usado (a minha primeira escolha eram as mamas de uma velha, mas isso não me pareceu adequado lançar na super auto-estradada da informação). Assim, vou largar esta message in a bottle, para ir acabar como impulsos eléctricos num servidor qualquer até ao dia do julgamento final.
Acho que gostava de conseguir fazer comentários sarcásticos, inteligentes e oportunos em todas as situações. Para ter uma auto-estima sem ser insuflável... humm isto não está a começar bem...
Pois. A verdade é que gostava de gozar com os outros sem que me percebessem. O problema é que às vezes percebem. Gostava de saber as suas fraquezas, podres e feridas para os espicaçar com afirmações mordazes, afiadas como agulhas. Para me sentir bem comigo próprio, claro. Para tentar acreditar que sou melhor que os outros. Claro que não sou. Mas se acreditasse nisso, tinha muito mais desprezo pelas opiniões deles, e viver era muito mais fácil. Sem consideração por ninguém. Da maneira mais mesquinha possível. Tipo professor catedrático, ou deputado do CDS-PP. Uma dos resultados era ficar sozinho.
Mas vamos enfrentar a questão: o meu telemóvel não toca há dois meses, não tenho uma conversa que dure mais de hora e meia com ninguém há imenso tempo, não tenho namorada, e estou aqui feito otário a escrever uma merda na net que ninguém vai ler. Não se pode dizer que o meu mundo ande sorridente. Acho que se conseguisse destilar ódio por qualquer pessoa que não tenha os mesmos anseios e preocupações que eu, ficava com um complexo de superioridade, daqueles do género das pessoas preconceituosas. isso era giro...
Bom. quem é que quero enganar... Só estou a escrever esta merda porque a miúda de quem gosto não gosta de mim... Porra. Tentei não acreditar nisso e fui desviando os olhos dos indícios.
Mas acho que ficou bastante óbvio da segunda vez que se esquivou a um convite para sair.
A culpa não é minha. A culpa não é dela. Só me lembro de Deus e do Santana Lopes para culpar. E culpar Deus já está a ficar fora de moda. Morre Santana! Quem dizer... espero que tenhas uma caganeira que te desfaças em merda, a tua mulher te ponha os cornos, e o teu piriquito morra engasgado com um bocado de alpista do tamanho do Marques Mendes.
Tenho saudades dela. Gostava que estivesse aqui. Gostava que tivesse paciência para me aturar. Gostava de por a cabeça no colo dela quando quissesse. Gostava de a abraçar.
Ela é linda. Tem o cabelo preto e longo, embora insista que é castanho escuro, e fica lindo quando ela o usa solto. Tem uma maneira de sorrir que lhe muda completamente a cara, e uma maneira de enrugar a testa que deixa transparecer o que está a pensar. Tem espírito crítico e não aceita nada sem o compreender e pensar nisso. É inteligente, convicta, sincera, e um bocadinho sarcástica. O que só a torna mais doce quando é simpática/querida. Consegue gostar de coisas como animais sem ser daquela maneira pegajosa e lamechas, que irrita nas outras raparigas.
Rói a unha do dedo indicador ou morde o lábio inferior quando está nervosa e irrita-se se o corrector do word diz que uma palavra está errada quando está certa. Gosto dela.
Mas ela não gosta de mim... So, life sucks.
Mas ninguém vai calar o meu grito.
HEMORRÓIDAS AO SANTANA LOPES!!!!!!
ah, e já agora morra o Dantas, morra, pin!

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