Thursday, May 26, 2005

 

As pessoas chatas deviam ter certificados oficiais para poderem mentir alarvemente

Sempre achei perigoso que algumas pessoas expressem com alarmante frequência os seus gostos pessoais. lol Soa mal, não? Claro que toda a gente gosta de uma boa discussão temática, mas convém que a natureza do tema se coadune minimamente com a personalidade das pessoas em causa.
O problema vem à superficie quando algumas pessoas (mormente referidos como secadesertos) tentam incluir na conversa temas fascinantes como golf, ténis, ferramentas de bricolage (ou qualquer coisa que tenham comprado nas televendas), pesca, jardinagem, ou mesmo o imortal filme ranhoso de kung-fu que viram no sábado passado, em que um porradão de gajos trajados de preto, e armados com mais lâminas do que o faqueiro tramontina de 75 peças, são derrotados pela criança franzina armada com três palitos, que só queria que não lhe matassem o avô.

Nas tenho que ser sincero. O que eu gosto mesmo é de ouvir descrições pormenorizadas de plácidos dias passados à secretária, os quais têm o seu ponto alto quando o secadesertos tenta agrafar um monte de folhas demasiado grande. Depois claro, vem a magnífica contenda entre o secadesertos o e agrafador, minuciosamente descrita, com as várias tentativas realizadas até à vitória expressiva de quatro agrafos colocados, a duas tentativas frustradas.
Os secadesertos são pessoas completamente desprovidas de sentido de observação. Digo isto porque quando me começam chatear, apenas faço cara de desprezo, começo a suspirar e a olhar para o relógio (que nunca uso), na esperança que percebam que o meu tédio cresce. O resultado é nulo.

Isto porque sou bem educado e uso prolixamente a diplomacia. Se eu fosse malcriado, escolhia partir-lhes as pernas ao pontapé, testar-lhes os reflexos abdominais com facas da carne, e fazê-los comer pazadas de terra, enquanto me ria histericamente e gritava: ''Não quero saber do teu sistema de rega, nem dos teus berbequins, e devias trabalhar para os americanos em gantanamo, a sacar informações dos talibans, com as tuas ímpias técnicas de tortura!!''.
Claro que depois também ninguém ajuda. Quero dizer: Se eu fosse num barco e deparasse com uma pessoa a falar como se não houvesse amanhã, para outra que está com ar de parva, braços pendentes, cabeça para trás, olhos no vazio, boca aberta e fio de baba a escorrer, sentia-me no dever de ajudar o meu semelhante. Nem que para isso tivesse que partir pernas, testar reflexos abdominais com facas da carne, e fazer alguém comer terra às pazadas.

É nestes momentos que eu sinto falta dos mentirosos patológicos que povoaram a minha infância. Tenho saudades de ouvir histórias de amigos que juravam a pés juntos que tinham comprado paralisadores em França, ou que o macdonald's era um sítio onde ofereciam notas de dois contos. Queria ouvir como estão de suspensão para dar medula óssea ao irmão, um rim ao tio, e já com vários pulmões prometidos (este último já é um exagero meu...), e como no Verão vão para o interior para pintarem vacas com latas de spray. Sinto uma falta visceral de barulhos de porta, e cenas mais verosímeis que o benfica ganhar o campeonato em que 10 ciganos com mais facas que um faqueiro manhatan (de 85 peças, lol), atacavam um simples veraneante, e este escapava com apenas um alto na cabeça, e um arranhão no braço (este último não é exagero meu...).

Por isso juntem-se a mim neste apelo as entidades oficiais para que as pessoas chatas (como eu, que acabo de escrever um texto enorme sobre uma merda que não interessa a ninguém, provando que sou chato e rechato ao quadrado) tenham direito legislado para mentir à tripa forra. Enviem também dinheiro para o instituto piaget desenvolver exercícios que melhorem a criatividade, para a acapo, para mim e para a sol (pode ser que passe).
bjokas bjinhos abraços, e marretadas na tromba.

Comments:
Mesmo que pudessem mentir, penso que não exerceriam esse direito. E mesmo que o exercessem, seria à mesma entediante: em vez de confessarem duas tentativas falhadas de agrafar um molho grande de folhas, relatariam que foi com sucesso que agrafaram à primeira uma resma inteira de folhas... (deves concordar que é igualmente chato) Portanto, acho que o certificado não iria ajudar muito. Já legislar o uso livre de facas para testas reflexos abdominais e pás para encher as bocas de terra, isso sim, ajudaria.
 
chamo à atenção que pedi o envio de dinheiro ao piaget para o desenvolvimento da criatividade, a pensar nisso... Se somos forretas, não devemos mascarar isso com objecções estereis!! lol ;)
 
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