Sunday, November 27, 2005

 

Playlist 243 - Próxima sexta feira na FML

Claro, se ninguém roubar a chave. E se a Vera me deixar....

1.Audioslave - Getaway car.mp3
2.Dave Grusin - Ascension To Virginity.mp3
3.Aphex Twin - Windowlicker.mp3
4.Radiohead - A Wolf At The Door.mp3
5.Tangerine Dream - Love on a real train.mp3
6.Dave Matthews Band - Space Between.mp3
7.Mark Mothersbaugh - Let me tell you about my boat.mp3
8.Scissor Sisters - Tits On The Radio.mp3
9.St Germain - Sure Thing.mp3
10.Zero 7 - Speed Dial No. 2.mp3
11.Modest Mouse - Exit Does Not Exist.mp3
12.Zwan - Honestly.mp3
13.Mark Mothersbaugh - We Call 'em Pirates Out Here.mp3
14.Xutos & Pontapés - Esta Cidade.mp3
15.Audioslave - Shadow on the Sun.mp3
16.American Beauty - Arose.mp3
17.Miles Davis - All Blues.mp3
18.Masters At Work - Pienso En ti.mp3
19.American Beauty - Movie theme.mp3
20.Everything But The Girl - Corcovado (Knee Deep Mix).mp3
21.The Dining Rooms - Mr. Dupont.mp3
22.The Go! Team - Junior Kickstart.mp3
23.Wray Gunn - Cadillac Angels.mp3
24.Broken Social Scene - Shampoo Suicide.mp3
25.Zero 7 - Polaris

Into infinity....

Tuesday, November 22, 2005

 

Não chateiem as focas

Primeiro sinal de que uma foca começa a ficar irritada. Põe-se de barriga pa cima a olhar para ti. Olhar que um humano normal (talvez mais uma rapariga lamechas), classificaria como 'aí que queridooooo!!!' precede na realidade um ataque feroz com as garras que tem escondidas no dorso, e um comportamento conhecido como 'roer os calcanhares' das suas infelizes vítimas. Perigoso animal que alguns benfeitores de taco na mão controlam com pauladas convictas. Aconselha-se ás pessoas que presenciarem uma foca adoptar esta postura, adoptem uma contra medida conhecida como 'correr até gastar as pernas até ao joelho'. Ou então fazer aeróbica. Deixamos ao critério...

Monday, November 21, 2005

 

Não chateiem as focas

Gosto de andar de comboio. De aproveitar a viagem. De ouvir música gira enquanto o faço. Gosto ainda mais dos belos comboios da fertagus, entrecampos-coina, vista sobre o tejo, rodar silencioso, fim de tarde...

Sexta feira passada tive q correr para apanhar o comboio das seis. Se o tivesse perdido ia a pé para casa da estação de coina. Saio de Roma, mala ás costas e saco na mão, todo satisfeito a pensar: 'chegou o belo do fim de semana', quando chego a estação. Estão lá, como sempre, meia dúzia de míudos a andar de skate. Percebi o esquema deles, quando no outro dia vi o segurança escorraçá-los, e eles sairam desanimados, mas não muito incomodados. Eles têm uma janela de tempo. O tempo exacto que leva o segurança a fazer o percurso linha 4 - linha 1 - entrada da estação. Estas inteligentes crianças cronometraram o tempo e viram que têm sete minutos e uns trocos, de cada vez. Basta o segurança começar a ronda para eles terem sete minutos de largas lages de mármore para cortarem com os skates, até ao segurança voltar. E há pessoas que pensam que a juventude está perdida.
Anyway, cheguei á máquina (que saudades dos senhores que estavam encolhidos atrás de um gradeamento e nos davam bilhetes rosa, mal impressos e com um furinho), só para reparar que tenho o porta-moedas vazio. Opa, também não tenho notas. E acabo de me lembrar que só contribuo com três euros para o fundo de maneiro da cgd... logo também não posso levantar dinheiro...

Andei em frente e entrei no comboio. Sem remorsos. Sem olhar para trás. Sem bilhete.
Quando me sentei lembro-me de pensar que o que está feito, está feito, e vamos lá ver o que isto dá, e não vale a pena preocupar-nos com o que não podemos controlar...
Descobri, por experiência própria que isso é tudo treta. Treta grande. Conversa.
Tocava uma música irritante, em que alguém repetia sem cessar que queria era gasolina. Gostava era de gasolina. Daquelas músicas que só as raparigas adolescentes gostam de ouvir. E repetir várias vezes. Eu conheço uma, mas não vou dizer quem é. Dou só a pista que o nome dela começa por M e rima com ariana.

O stress. A culpa. A ansiedade. Senti-me como quando fui apanhado a roubar gomas no sexto ano. Cada vez que alguém com pullover se acercava da fila de cadeiras onde eu estava, sentia suores frios (quer dizer, isto é um exagero, mas confere intensidade á narrativa). Falta dizer que os picas usam o fashionable pullover da fertagus. Devem ter desistido do plano de saúde no contrato colectivo... Cada vez que alguém se levantava para tirar o casaco, o meu coração começava a acusar-me de irresponsabilidade, através de um bater desordenado, pois pensava que o pica tinha-lhes pedido o bilhete e eles levantavam-se para o retirar do bolso de trás.

5 minutos depois dei comigo a obcecar com uma história para enganar o pica, se este se lembrasse de aparecer. Que lhe havia de dizer? Talvez que me esqueci. Não, muito lame. Talvez se fingir que estou á procura, e pedir desculpa, e demorar muito tempo á procura, ele se vá embora... Também não me pareceu realista. Colocando a minha criatividade ao rubro, acabei por congeminar uma ficção em que uma alegada amiga minha tinha comprado ambos os bilhetes, e saido na estação anterior. Perfeito. Os meus níveis de ansiedade baixaram ligeiramente.

No fim, o pica não apareceu. Sacana. O mínimo que podia fazer era justificar as minhas preocupações. Assim, fica a vingança em forma de nota:

Digam aos vossos amigos: O comboio da ponte da fertagus não tem pica. Das mais de 50 vezes que nele viajei, nunca vi um pica. Tragam as vossas famílias e venham apreciar o tejo.

Friday, November 11, 2005

 

Não quero saber, ou o equivalente adulto ao tempo em que os animais falavam

Há uma convergência nas linhas que definem o cubículo longínquo do horizonte apócrifo numa rua estreita e longa. Visão nocturna e deserta emoldurada por árvores persistentes e frondosas, e por candeeiros de luz amarela e mortiça, que têm a irrealidade difícil de memorizar dos sonhos matinais. Houve-se um silêncio leve, uma brisa indetectável que lambe os telhados e o rilhar grave dos pneus de um carro distante, que se aventura expectante nas esquinas dos bairros apertados e sepulcrais. Bairros cercados por muralhas com frestas que são ruas, e que escondem jardins ocultos, parques de estacionamento onde putos jogam á bola durante o dia, clubes de strip desconhecidos por todos, excepto pelos taxistas. Bairros com ruas cujo envolvimento transforma avenidas em becos e empurra os transeuntes contra as suas paredes de mármore enegrecido. Como se lhes desagradasse a simples passagem de alguém pelas ruas que os traçam, os parques que escondem e os quintais que disfarçam.

Há uma película de água cúmplice que facilita a relação entre a borracha dos ténis e a calçada, produto de uma chuva miudinha que lubrifica as arestas da paisagem urbana. A chuva é a sinovial das articulações gastas de lisboa. Sem ela os dias cinzentos eram artríticos, os prédios emperravam contra o ceú descolorado e as pessoas desviavam-se de água projectada por carros que pisam poças inexistentes(fui longe demais, nesta...). A chuva encosta as pessoas contra o abrigo das varandas onde se poderá acumular tranquilamente e cair sob a forma de grossos pingos gelados na cabeça dos incautos, dos empresários do passo estugado e cabelo oleoso, das senhoras que têm todo o tempo do mundo, dos miúdos que vêm da escola.

É com eles que me cruzo neste início de noite que venho da faculdade. Doem-me as pernas, e a indiferença metereologica deste dia não ajuda. O dia correu mal. Não fiz metade do que queria fazer, e recebi más notícias pelo ramal de acesso à super auto-estrada da informação que é o meu telemóvel. Estou cansado demais para correr e não me molhar... melhor, não me apetece não me molhar. Paro debaixo de um candeeiro e olho para cima numa redundante tentativa de constatar a causa óbvia de ter o cabelo encharcado e me pingar água pelas orelhas e pelo queixo. A chuva escorre desinteressadamente em frente à luz amarela revelando alternadamente as direcções que o vento lhe imprime. Como se fosse o candeeiro a sua fonte.

Abro os braços e corro rua acima pelo meio da estrada. Não quero saber.

 

Hands of Time

''Keep looking through the window pane
Just trying to see through the pouring rain
It's hearing your name, hearing your name
I never really felt quite the same,
Since I've lost what I had to gain
No one to blame, no one to blame
Seems to me, can't turn back the hands of time
Oh it seems to me, can't back the hands of time

Seems to me, can't turn back the hands of time
Oh it seems to me, can't turn back the hands of time
Seems to me, history was left behind...''

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