Friday, February 24, 2006

 

Sintonia manual - há reposições que valem a pena

Há uma música instrumental tocada em piano, no final fantasy 7, com uma intruducao suave, tocada a duas maos, uma mais rápida que outra, com um cenário de fundo pré-renderizado, com dois montes em contraluz, algumas árvores de copa redonda visísiveis à distancia, várias nuvens suaves na linha do horizonte, céu azul paradisíaco por cima. Os raios de sol que atravessam o espaco entre os dois montes tornam este cenário peculiar. O Cloud subia e chegava ao outro lado do vale. Penso que depois de dhgfgdsf, a caminho de Corel. O sol tem um efeito quase ofuscante e um brilho irregular, ideossincrático de um fim de tarde ameno no interior. E era verão. Férias. Eu não tinha nada que fazer mas jogar compulsivamente playstation. Até ao dia em que tudo mudou. Eu entrei em casa e atingiu-me de súbito. No dia a seguir...
..........AV O I
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Lembro-me de uma agulha metida numa coisa de madeira, como um pionês grande, que eu tinha na mão e picava através de um papel assente em esponja. Picava, picava, picava... Em torno de uma figura de um ajsjsnjasd. A seguir, guardavamos as coisas e começavamos a desenhar. O meu colega felipinho convencia-me a escrever um bilhete à diana a perguntar se ela queria namorar comigo. Sentia-me envergonhado com a perspectiva, mas curioso. Acabava por escrever, mas mais porque ele era meu amigo, e não o queria desapontar. Na altura eu odiava as raparigas. Era chatas, andavam por todo o lado a armarem-se em superiores, tinham jogos estúpidos e eu ficava extremamente embaraçado cada vez que tinha que falar com uma.
Olhava para o desenho dele e tentava imitá-lo. Era inevitavelmente uma batalha campal com tanques bonecos com 'metralhadoras' e jhs§€8fdmn, que se desenrolava à medida que era desenhada. Nunca mais chegavam as três e meia. Estava farto. Levantei-me e fui ter com a professora fkakwwmsdcds. Disse de maneira clara...
.......... AV O I
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Chocc...O barulho da bola a enrolar na rede fez o meu salto para a linha de fundo para a repor em jogo. Estava numa cidade estranha, num pavilhão barulhento, com o meu corpo franzino a nadar num equipamento do barreirense, já bem menos nervoso que no início do jogo. Atirei a bola com força a um colega e recebi-a de volta à saída da linha de três pontos. Driblei furiosamente por entre dois miúdos e apanhei a equipa adversária ainda a recuperar. Mudei de direcção na frente do base, e corri como o vento, sem que ele me conseguisse parar...
A bola resaltou na tabela e entrou. A cinco segundos do fim do segundo período. O banco levantou-se a aplaudir, e eu senti-me a engarrafar uma euforia com um sorriso largo. O segundo periodo acabou e eu fui para o balneário. Estavamos a perder. O Couceiro fechou a porta e gritou...
...........AV O I
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Era de noite até debaixo dos candeiros que iluminavam com uma luz fosca os passeios adjacentes à escola secundária lkjaslwsjh. Eu estava com uma ex-deputada e um camarada chamado 3sjd§£fd, num renault 5, com 2 baldes de cola na mala do carro, e uma pilha de cartazes, ao meu lado, no banco traseiro. Estava um frio enregelante, ou não estivessemos em pleno bhkjsdkljs.
Ao fim de sete cartazes, um carro azul e branco encostou e dele saiu um senhor de farda no corpo e com ar de poucos amigos na cara a pedir identificações com voz autoritária e a debitar leis, como se fossem diagnóstico pessimistas. Quando o segundo começou a abrir a porta e a convidar-nos a entrar, o 3sjd§£fd olhou para ele e disse...
...........AV O I
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Fechem os olhos. Lembrem-se de coisas interessantes que aconteceram e que marcaram tempos que já lá vão. Coisas que fizeram com que estivessem hoje onde estão, a fazer o que fazem, a ser o qu são. Sem esquecer que o melhor ainda está para vir, cedam à Sintonia Manual.

 

Alice no país dos matraquilhos

''Mãe fora, em que avenida
Olhos que a perseguem pagam, comem
Pai dentro, lambendo a ferida
Com que o desemprego marca um homem
E o irmão na caserna
Puxando às armas brilhos
E Alice no café
Habitante do País dos Matraquilhos

Na classe dos repetentes
Hoje vai haver mais uma falta
Alice cerra os dentes
Vendo a bola que no ar ressalta
Quer lá saber do exame
Quer lá saber da escola
Aguenta no arame
Matraquilho nunca cai ao ir à bola

Alice no País dos Matraquilhos
É mais do que no bar onde vive
Tem-te, não cais

Há também Leonor
Libertada da prisão há meses
Dizem que é por amor
Que olha tanto por Alice às vezes
Pousa-lhe a mão na cara
Protege-a de sarilhos
Alice nem repara
Viajou para o País dos Matraquilhos

E o irmão na caserna
Cambaleia entre a cerveja e a passa
Tem o sargento à perna
O tal que compara a guerra à caça
Faz tempo que descobre
Que é um matraquilho mais
Soldadinho de cobre
Matraquilho no país dos generais

Alice no País dos Matraquilhos
É mais do que no bar onde vive
Tem-te, não cais

Quando se cai na lama
Ninguém pára pra nos levantar
Por Alice, o pai reclama
"Tua mãe não veio pra jantar"
E os insultos noite fora
Desvia-os em chorrilhos
Alice nunca chora
Adormece no País dos Matraquilhos

E a mãe no Bar do amor
Passa as horas na conversa mole
Espera o seu protector
Que o seu corpo a ele enfim se cole
Não é que não recorde
Os que deixou em casa
Mas eis que chega o ford
E dentro vem o seu pavão de anel na asa

Alice no País dos Matraquilhos
É mais do que no bar onde vive
Tem-te, não cais

Entra então no café
Um rapaz de capacete em punho
Fica-se ali de pé
Escreve num papel um gatafunho
E a Alice vê surpresa
Frases que são rastilhos
Como vai Sua Alteza
A Rainha do País dos Matraquilhos

E tu ainda és o rei
Será que voltaste em meu auxílio
A bem dizer, já não sei
Há tantos anos que ando no exílio
Vamos a um desafio
Atira tu primeiro
A vida está por um fio
Para quem é deste bairro prisioneiro

O café que ali houve,
Deu uma loja com ares de modernice
E nunca mais ninguém soube
A não ser a Leonor, da Alice
Aqui vai, Leonor
A foto dos meus dois filhos
Se reparares melhor
Têm pinta assim, sei lá
De matraquilhos

Alice no País dos Matraquilhos
É mais do que no bar onde vive
Tem-te, não cais''

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